Candidato do PDT comentou sobre a ‘ameaça’ da candidatura do vice-governador Otto Alencar, posta pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e avaliou que, ao contrário, Wagner deve ficar tranquilo, pois Otto seria puxador de voto, mas como candidato a senador.
Sobre a movimentação da oposição, cuja movimentação gira em torno de chapa única encabeçada pelo peemedebista Geddel Vieira Lima, o presidente da Assembleia afirmou que respeita qualquer nome, mas avaliou que “se eles forem com mais de um candidato devem perder já no primeiro turno. Nilo não espera o retorno do ‘carlismo’, com a eleição do prefeito ACM Neto (DEM), e também não acredita que o democrata seja candidato a governador já em 2014. Sobre a gestão municipal, o pedetista ainda não vê diferença, apesar de o prefeito ter dito no carnaval que “as pessoas já sentem a presença do poder público”. Abaixo a íntegra da entrevista exclusiva ao 247.
Eleição de 2014 já começou
Na política, quando o computador anuncia o resultado de uma eleição, você já começa a trabalhar para a eleição seguinte. Terminamos a eleição municipal e vamos pensar na estadual e federal. Eu quero ser governador. Sou candidato do PDT aprovado pelo partido à unanimidade. Quando eu quis ser engenheiro, eu passei pelo primário, pelo ginásio e pelo científico. Quando eu quis ser presidente da Embasa, entrei como estagiário. Quando quis ser presidente da Assembleia, eu esperei 16 anos como deputado de oposição. Portanto, eu sempre trabalhei os meus projetos com muita perseverança. Que quero ser governador porque eu gosto de gente, eu gosto de servir. Eu tenho currículo político que me permite subir mais um degrau na vida. Sei vezes deputado estadual, quatro vezes presidente da Assembleia, fui o deputado estadual mais votado da Bahia, pela oitava vez consecutiva vocês que cobrem o parlamento da Bahia me escolheram como melhor deputado da casa, fui governador interino por cinco vezes, recebi medalha da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) pela minha defesa pela liberdade de imprensa durante esses 23 anos como deputado. Portanto, eu tenho currículo político. Na área administrativa, eu sou uma pessoa que estuda muito os problemas da Bahia.Converso muito com o governador diariamente, viajando. Você vai descobrindo os problemas do estado e vai descobrindo as soluções. Eu estou preparado política e administrativamente para exercer o cargo máximo da Bahia.
Suplente de Wagner para Senador, de jeito nenhum
Eu vou comparar essa pergunta a uma coisa parecida. É você estar num avião, jogar uma gota d’água no mar, descer, subir num navio e encontrar essa gota d’água. É a mesma chance de eu ser candidato a suplente de senador. Eu não quis ser candidato a senador da chapa favorita do governador Jaques Wagner (PT) na eleição passada. Ele me convidou para ser candidato a senador, mas eu não quis. Depois ele convidou o senador (Walter) Pinheiro. Mesmo Wagner sendo favorito e eu sabendo que ele era favorito, eu não quis. Agora imagine eu ser candidato a suplente. Apesar de que ser suplente do possível senador Jaques Wagner seria uma honra. Mas isso não passa pela minha cabeça. Eu não quero ficar dependendo de o senador sair para ministério. Acho que cheguei a um estágio da minha vida política que não me permite mais isso.
Quanto mais candidatos do PT, melhor
Quanto mais candidato do PT, ótimo. O governador Jaques Wagner vai escolher aquele que tiver as melhores condições políticas. Ele sabe que minha candidatura é uma candidatura consolidada. Em Marcionílio Souza (cidade do interior da Bahia) ontem, um cidadão, sem meu conhecimento, colocou uma faixa escrito ‘Wagner governador e Marcelo Nilo futuro governador’. Eu mandei tirar. E o governador Jaques Wagner disse ‘Não, rapaz, não tire, não. Não foi você quem colocou… Deixa o povo falar’. Portanto, ele já vê minha candidatura como uma coisa consolidada. Ele deu uma entrevista coletiva recentemente e citou cinco ou seis nomes, inclusive o meu. Minha candidatura a governador não passa apenas na minha cabeça. Já passa na cabeça do partido, já passa na cabeça do governador e acredito que já passa na cabeça de uma parte do povo da Bahia.
O mais forte no PT
Todos os candidatos do PT são fortes porque o partido é forte. O nome do PT não é a prioridade. A prioridade deles é o partido. O PT é o maior partido do Brasil, o maior partido da Bahia. É um partido consolidado. O nome é secundário. Para mim o que vale é o partido. Agora, eu acredito que o PT vai me apoiar. Eu vou criar todas as condições políticas. Eles sabem que eu sou parceiro, sou grato, sou leal, tenho compromisso com a Bahia, tenho compromisso com as forças progressistas do nosso estado. São 23 anos de parceria com o PT, nos momentos bons e nos momentos difíceis. O PT é um grande partido. Para eu ser presidente da Assembleia quatro vezes, eu sempre tive apoio do PT, mas é óbvio que eles só me apoiaram quando viram que eu consolidei minha candidatura. Por isso que eu vou ser candidato a governador. Eu só terei chance de ser candidato com apoio do PT se eles perceberem que minha candidatura é consolidada.
Chapa única na base do governo
O governador é o político mais carismático que eu já conheci. Ele é democrático e republicano. Ele é republicano até demais para o meu gosto. Ele vai coordenar o processo. Ele vai, na minha opinião, ficar até o fim do mandato para coordenar o processo de 2014. Por vários fatores. Primeiro, ele quer consolidar sua maneira de governar na Bahia. O governador Jaques Wagner implantou a nova maneira de governar, uma maneira democrática e republicana. Quando ele vai a Feira de Santana, ele não quer saber se o prefeito (José Ronaldo – DEM) é do DEM ou do PT. Ele coloca do lado e participa das inaugurações. Ele (Wagner) colocou um estilo novo de governar, então ele vai quere consolidar seu projeto, além de ser governador na Copa do Mundo (2014), que terá visibilidade internacional. Todos nós políticos gostamos de visibilidade. Acredito que ele irá até o fim. Se ele sair para o Senado, o que é improvável, ou sair para deputado federal, o que é improvável, ele não vai participar como governador de um dos seus maiores projetos, que é a consolidação da estrutura para recebermos a Copa do Mundo.
Vice-governador Otto Alencar (PSD) não é risco para Wagner
Otto é um grande secretário, um grande vice-governador e é um político disciplinado. Ele é de um grupo político liderado pelo governador Jaques Wagner e eu não creio, não passa pela minha cabeça que ele sairá do nosso grupo para ser candidato de oposição. Pelo contrário. Sei que ele estará no nosso grupo. Agora, ele tem direito de participar da chapa majoritária. Eu acho que uma vaga já está assegurada na nossa chapa: Otto Alencar candidato a senador. As outras duas vagas da chapa (governador e vice), nós vamos disputar entre PDT, PT, PP, PCdoB, PSD, PSB e PSC. Todos os partidos da base vão lutar para estar na chapa. Creio que se Otto quiser ser candidato a senador, ninguém disputará com ele. É o mesmo caso. Se eu quisesse ser candidato a vice, ninguém disputaria comigo. Mas eu sou candidato a governador. Eu não quero ser vice nem senador.
E se o nome escolhido não for o do senhor?
Primeiro que eu não parto desta hipótese de eu não ser o candidato de consenso. Eu estou convencido de que eu serei o candidato. Mas se por acaso o governador Jaques Wagner indicar outro nome, o que é improvável, eu saio candidato a deputado estadual ou saio da política e vou para a iniciativa privada, porque eu sou engenheiro de formação. Vice e senador eu não quero. Apesar de respeitar os cargos. Eu quero ser governador. Eu sempre quis ser governador. Eu nunca quis ser vice-presidente da Assembleia e parti direto para a presidência. Eu nuca quis ser diretor da Embasa, eu parti direto para a presidência. Quando eu acho que eu tenho as condições políticas e administrativas para o cargo, eu prefiro pleitear o máximo. Na política você não pode exercer um cargo se você está preparado para outro. Eu não gosto da política federal. Eu gosto da política estadual. Portanto, eu quero ser governador ou deputado estadual.
E a oposição? Qual é o nome mais forte? Geddel?
Todos os candidatos da oposição, em tese são fortes. Mas eu não gostaria de falar sobre a oposição. O ex-ministro Geddel é hoje um político com grande penetração no estado. Ele foi candidato a governador e por isso tem penetração razoável no estado. Eu o respeito como candidato de oposição. Aliás, respeitarei qualquer um. A oposição sempre terá candidato forte. Se eles saírem com candidato único, eles estarão mais fortes. Se saírem divididos, como na eleição passada, provavelmente vão perder no primeiro turno.
ACM Neto será candidato a governador em 2014?
Não creio. Ele não vai sair para passar a prefeitura para uma pessoa que não tem experiência administrativa nem política. Ele poderia ser um novo (Jose) Serra, que largou o governo de São Paulo para ser candidato a presidente e depois perdeu a disputa pela prefeitura. O povo não perdoa.
O DEM pode ser decisivo por ter as prefeituras de Salvador e de Feira de Santana?
Há quatro anos nós perdemos Salvador e Feira de Santana e para governador Jaques Wagner deu uma surra política nos adversários.
Mas agora os dois prefeitos são do DEM e têm aliança com PSDB, com PMDB…
Olha, a oposição sempre é forte, em qualquer estado e em qualquer município. Agora, eu acho a unanimidade burra. Eu, por exemplo, fiquei muito feliz por ter 61 votos em 62 para a presidência da Assembleia agora. As pessoas brincam dizendo que fui eu quem votou contra para eu não ter unanimidade. Mas isso não é verdade. Eu votei em mim. Mas aquela pessoa que votou contra talvez nem saiba o serviço que me prestou. Sabe por quê? Porque quando você não é unanimidade, você sempre procura fazer melhor. Quando você já é unanimidade você pode se acomodar. Então, o governador Jaques Wagner, de 417 prefeitos, ele fez 358. Perdeu Feira e perdeu Salvador, mas nós recuperamos Itabuna, Teixeira de Freitas, Santo Antônio de Jesus, Paulo Afonso, Bom Jesus da Lapa, Guanambi, cidades que eram governadas por partidos de oposição ao governo do estado. As esquerdas sempre ganharam em Salvador, menos quando nós perdemos para prefeito. Nós perdemos para Imbassahy (PSDB), para João Henrique (PP), mas sempre ganhamos na disputa para governador.
O carlismo voltou?
O carlismo acabou com a morte do senador Antônio Carlos Magalhães. O próprio ACM Neto diz que não trabalha pela volta do carlismo. O carlismo foi um projeto que deu certo durante um período… Mas nós derrotamos o senador Antônio Carlos Magalhães em vida. O carlismo foi derrotado pelo povo. O prefeito ACM Neto quer fazer uma coisa diferente. Se ele vai conseguir, daqui a um ano nós vamos ver.
Que coisa diferente?
Ele quer fazer um estilo diferente do que o avô dele fez com Lídice da Mata. Todo mundo sabe que o avô dele perseguiu a então prefeita Lídice da Mata (atualmente senadora). Muito diferente do governador Jaques Wagner, que faz uma parceria administrativa com o prefeito de Salvador. Os dois estão certos. Política partidária acaba quando se desmonta o palanque na eleição. Depois, nós temos que pensar na cidade, no estado e no Brasil. Wagner e ACM Neto estão pensando na cidade de Salvador. ACM Neto foi um grande deputado federal. Bom de tribuna, bom de televisão. A partir de 1º de janeiro de 2013, ele vai ser julgado como gestor… Ninguém entende mais de oposição do que eu entendo nesta Casa. Eu fiquei 16 anos na oposição aqui. Ser oposição é fácil. Você ser estilingue é a coisa mais fácil do mundo. Difícil é ser vidraça. Então, a partir de 1º de janeiro ele vai ser julgado pela sua gestão. Daqui a 100 dias eu vou perguntar ao povo de Salvador qual é a diferença entre ACM Neto e João Henrique (ex-prefeito – PP). Não vou perguntar hoje porque temos só 50 dias, mas com 100 dias o cidadão tem direito de perguntar o que foi feito por Salvador. Espero que até lá ele tenha feito muito, mas vou perguntar. E vou perguntar a vocês da imprensa.
E nesses 50 dias? O prefeito disse no carnaval que o cidadão já percebe a presença do poder público.
Eu não percebi ainda. Não estou fazendo nenhuma crítica, porque jamais vou criticar um prefeito com 50 dias de gestão, mas ainda não vi nada diferente. Eu pergunto a você qual é a diferença. Eu pergunto ao cidadão qual é a diferença. Duvido que alguém diga que há diferença. O engarrafamento continua o mesmo, os buracos continuam os mesmos, o lixo continua o mesmo, o subúrbio continua escuro. Os postos de saúde estão funcionando? As escolas estão funcionando? Mas, como falei, é cedo para fazer cobrança. Só vou cobrar com 100 dias, porque o limite de um cidadão para um gestor é de 100 dias. Não que em 100 dias o prefeito já tenha resolvido tudo. Mas a cidade precisa ter uma cara nova. Sou presidente da Assembleia quatro vezes e não quero criticar o presidente anterior, mas com 100 dias vocês viram a diferença. Eu abri a casa para o povo.
O prefeito rejeitou, logo no início da gestão, a chamada teoria dos 100 dias.
Mas o cidadão, principalmente quem votou nele, tem direito de cobrar. Por exemplo, o prefeito suspendeu os pagamentos devidos pela gestão anterior. Mas ele vai ter que começar a pagar. Já nos 100 dias ele tem que ter um planejamento para fazer esses pagamentos porque o débito não é de João Henrique, o débito é da prefeitura. Se ele acha que o débito é ilegal ou que as contas estão superfaturadas, então que se apure e puna os responsáveis. Agora, quero dizer com muita clareza: eu só cobrarei o prefeito com 100 dias.