Dilma é evasiva em questões polêmicas e entrevista vira palanque para governo
Foto: Gabriel Souto/ TV Globo
Candidata à Presidência da República pelo PT, Dilma
Rousseff, que busca a reeleição, concedeu uma entrevista tensa ao Jornal
Nacional, na Rede Globo, na noite desta segunda-feira (18). A
presidente se esquivou de questões polêmicas relacionadas à corrupção no
seu governo, marcado por escândalos em diversos ministérios comandados
por aliados e por duas CPIs relacionadas à administração da Petrobras.
“Não nos descuidamos da ética”, afirmou Dilma antes de elencar diversas
ações do seu governo de combate à corrupção, como a criação da
Corregedoria Geral da União (CGU), da Lei de Acesso à Informação e do
Portal da Transparência, além de liberdade para ações da Polícia Federal
e do Supremo Tribunal Federal (STF). “Nem todas as denúncias resultaram
em condenações. Muitos dos que foram identificados foram inocentados e
algumas pessoas se afastaram por ser difícil resistir à pressão”, alegou
a petista ao defender os membros da sua cúpula envolvidos em sucessivos
“mal feitos”, como ela costumou batizar os deslizes de aliados. Dilma
se recusou a responder ao questionamento sobre a permissividade do PT em
relação aos membros do partido condenados no julgamento do mensalão e
chegou a ter um leve desentendimento com seus entrevistadores. “Sou
Presidente da República. Não julgo ações do Supremo, enquanto eu for
presidente não externo opinião sobre isso. Não vou tomar posição que me
coloque em conflito, isso não é uma questão subjetiva”, declarou. Dilma
também evitou confronto ao falar sobre a troca de ministérios, citando o
caso do baiano César Borges, que era ministro dos Transportes e hoje é o
titular da Secretaria dos Portos. “Os partidos podem fazer exigências,
mas só aceito quando considero que ambos os envolvidos são íntegros,
competentes e tem tradição na área. Se troquei é porque confio neles”,
defendeu-se. A presidente admitiu que a saúde é deficitária no país,
mesmo após 12 anos contínuos do PT no poder. “O Brasil precisa de uma
reforma federativa para dividir as responsabilidades federais, estaduais
e municipais”, afirmou, depois de esclarecer que há apenas um número
mínimo de médicos para trabalhar no atendimento básico e que após o
Programa Mais Médicos, 50 milhões de brasileiros foram contemplados.
Quanto à economia, a postulante defendeu que seu governo foi o primeiro
que enfrentou uma crise sem “arrochar o salário” dos contribuintes e que
os índices antecedentes apontam uma melhoria no segundo semestre, além
de queda na inflação. Dilma encerrou dizendo que foi eleita para dar
continuidade aos avanços do governo Lula, e que “ao preparar o Brasil,
criamos as condições para colocá-lo no centro de tudo”. “Queremos
continuar a ser um país de classe média”, concluiu.